A cigarrinha do milho, Dalbulus maidis, e os molicutes do enfezamento

Publicado em 20/02/2017 na categoria Notícias Agrícolas.

O inseto é conhecido na cultura do milho e com o aumento significativo da área cultivada, como segunda safra de verão, determinou mudanças na ocorrência e na severidade de sintomas de enfezamento.
Na safra de 2016 ocorreram áreas extensivas tiveram sintomas de enfezamento e perdas estimadas em até 50% da colheita, em algumas lavouras. Os problemas maiores ocorreram no Triângulo Mineiro, no Oeste da Bahia e em Goiás. Pesquisadores, consultores e agricultores alertam para a severidade de danos e a ameaça para a cultura do milho nessas regiões.
A cigarrinha reproduz e vive, preferencialmente, no milho e pode sobreviver em sorgo e algumas gramíneas, mas com baixa capacidade de reprodução.
A presença contínua de milho cultivado na região e como planta-daninha em áreas de soja (milho RR) permitiu o aumento na população da praga e a ponte verde para os agentes causadores de enfezamento.
A cigarrinha pode ser vetor de Mollicutes, um grupo de micro-organismos próximos à classe das bactérias. Os molicutes se distinguem pela ausência de parede celular, o que lhe confere o nome do grupo. Em latim, “mollis” e “cutis” significam suave ou flexível e pele.
Dois grupos principais de molicutes ocorrem em milho:
Enfezamento pálido, causado por Spiroplasma kunkelii.
Enfezamento vermelho, causado por Phytoplasma sp.
Os molicutes desenvolvem no floema das plantas de milho e o inseto vetor (cigarrinha) adquire os micro-organismos com a alimentação da seiva de plantas infectadas, em poucas horas. Os insetos mantêm os micro-organismos nas glândulas salivares, disseminando para outras plantas.
Os sintomas aparecem nas plantas três semanas depois da infeção pela cigarrinha. Causam disfunções fisiológicas com sintomas de deficiência de nutrientes, redução no crescimento vegetativo, deformação nas espigas e enfezamento das plantas.
Se a infecção ocorrer logo depois da germinação os sintomas aparecerão em V7 e os molicutes podem causar a morte das plantas e a perda total na produção de lavouras inteiras.
As estratégias de controle envolvem a eliminação de plantas de milho entre as safras da cultura, o tratamento de sementes com inseticidas eficientes para cigarrinhas, o controle de cigarrinhas na parte aérea e a escolha de cultivares mais resistentes aos molicutes.
O alerta sobre essa praga e os danos causados por molicutes foi destacado no Encontro Nacional de Milho, organizado pela Esalq, em Uberlândia, MG, nos dias 15 e 16 de dezembro de 2016, por Elizabeth Oliveira Sabato e Jurema Rattes, pesquisadores nas áreas de fitopatologia e entomologia.

img_8242